Fernanda Saad sentada ao ar livre à beira de um lago, refletindo, simbolizando a transição de estar presa na mente para se conectar com a vida.
Inteligência Emocional

Presa na Mente

Presa na mente. Procurando caminhos, defendendo verdades, planejando o futuro, questionando o passado.

Pensando, pensando, pensando.

Estamos vivendo de um jeito tão acelerado que a sensação é que os dias passam e nunca terminamos a lista enorme de coisas que precisamos fazer, arrumar, melhorar.

Sem se dar conta, a gente cai rapidinho no padrão manjado do “vou desacelar quando”.

“Quando eu acabar esse projeto”

“Quando eu juntar mais dinheiro”

“Quando eu resolver aquele problema”

Mas a gente sabe – lá no fundo a gente sabe – que quando o assunto é “paz” não tem isso de “quando”.

Porque a paz não é um lugar que a gente chega, é uma postura que a gente cultiva.

Sim, tem fases que precisamos repensar prioridades, acabar relacionamentos, ganhar mais dinheiro.

Mas a verdade é que nunca vai estar tudo resolvido. Os desafios, os problemas, as responsabilidades vão continuar chegando e ocupando espaço nas nossas vidas.

A questão é que muito do nosso sofrimento só existe na mente, no jeito que falamos como nós mesmas, na dinâmica acelerada que nos impomos.

Somos consumidas por essa voz interna que, de forma crítica e ansiosa, dá pitaco em tudo que fazemos. Nos culpando, nos cobrando, sempre julgando e avaliando a nossa performance.

Ficamos tão presas nas narrativas da mente que não percebemos os detalhes mágicos da vida cotidiana.

Na árvore perdendo as folhas com a chegada do outono, no som da maçã quando atravessamos sua casca com os dentes, na sensação da água na nossa mão quando lavamos a louça.

Na busca por fazer mais e melhor, esquecemos que a vida acontece dentro, mas também fora da gente.

Com isso, nos desconectamos do todo e, consequentemente, de nós mesmas.

A boa notícia é que pra reconectar nem sempre é necessário grandes ajustes – parar, mudar, desistir.

Às vezes, é só questão de desligar o rádio – que está sempre no último volume – e escutar com mais atenção os sons da vida que vão além da nossa própria cabeça.